Vamos entender: há cerca de 10.000-12.000 anos a.C. o homem iniciou a domesticação desses animais, oferecendo abrigo e alimento em troca de proteção, auxílio na caça e companheirismo. Para que um animal seja domesticado, ele precisa atender a determinadas condições, como sociabilidade, gostar e procurar ativamente pela companhia do ser humano, e passar essas características aos seus descendentes; e para que o cão e gato tivessem as características que vemos hoje, o homem levou centenas de anos aprimorando seus padrões.
Mas, em tempos modernos, onde faltam moradias e alimentos para os seres humanos, como podemos conviver com os cães soltos por aí? O problema é realmente sério: animais soltos podem atacar pessoas e outros animais; podem transmitir uma série de doenças ao ser humano (mas o ser humano também transmite uma série de doenças aos animais...); podem ser atropelados; podem causar acidentes involuntários; podem atacar ciclistas e corredores; podem sofrer abuso, serem maltratados, se infectarem com doenças venéreas, serem mortos e, neste caso, seus corpos representam fonte de contaminação e podem entupir bueiros e atrapalhar a passagem em ruas e calçadas... a lista é grande. Animais soltos são um problema de saúde pública e social de cada cidade; animais abandonados representam e traduzem a educação de um povo.
Porém, como resolver esse problema?
Seria muito fácil sacrificar todos eles, como geralmente ocorre quando são pegos na rua ou levados pelo dono ao Centro de Controle de Zoonoses - a "Carrocinha" (ainda uma necessidade em nossas cidades, mas que precisa e está sendo mudada; e será totalmente modificada se cada um assumir sua cota de responsabilidade) -, mas isso é ser covarde demais e fugir à responsabilidade que cabe a cada um de nós, porque todos nós sabemos de alguém que deixa o seu cão "dar uma voltinha" sozinho na rua "só prá passear" ou "ele só foi dar uma namoradinha e volta logo". Bem, essa "namoradinha" pode gerar pelo menos uma cria indesejada e/ou uma doença venérea, e ele "volta logo" se não for atacado por outro animal ou por algum humano, se não brigar, se não for atropelado, se não se perder... Entendeu?!
Hoje, há quatro classificações:
1. Cão Supervisionado ou Controlado
? são domiciliados;
? são totalmente controlados pelo homem em sua motilidade (só saem se o dono quiser);
? são totalmente dependentes do homem para abrigo, higiene, lazer, alimentação, saúde.
? Estes animais não são problema.
2. Cão de Família
? são semi-domiciliados;
? são totalmente dependentes do homem;
? são parcialmente controlados.
? Estes animais são problema.
3. Cão Comunitário ou de Vizinhança
? não são domiciliados;
? são parcialmente dependentes;
? não são controlados.
? Estes animais são problema.
4. Cão Feral ou Selvagem
? não são domiciliados;
? são totalmente independentes;
? não são controlados.
? Estes animais são problema.
Na realidade, o problema não são os animais, mas seus proprietários ou tratadores, que os soltam nas ruas (ou os deixam soltos), que os alimentam e que os tratam, mas que não querem assumir a responsabilidade total pelo animal.
A POSSE RESPONSÁVEL atende a essas preocupações e elimina o problema: se o ser humano for responsável ao adotar e só adotar caso se encaixe totalmente no perfil abaixo.
Alguns conceitos são fundamentais quando decidir adotar:
1. Antes de adotar um animal, verifique se TODA a família está de acordo; caso contrário, NÂO adote;
2. NÂO DÊ animais de presente: tem que ser uma escolha consciente da pessoa que vai adotá-lo, e não algo imposto;
3. NÂO adote um animal de uma determinada raça só porque está na moda: a moda passa...
4. Lembre-se que o animal é um filhote fofinho agora, mas que vai crescer rapidamente: precisa de espaço e alimentação balanceada e de boa qualidade;
5. Lembre-se que enquanto é filhote ele precisa de visitas periódicas ao médico veterinário e de atenção constante;
6. Lembre-se, e lembre a sua família, que todo animal vivo faz xixi e faz cocô, e verifique quem vai se responsabilizar pela limpeza do local;
7. Todo animal necessita de um espaço para brincar no sol da manhã; de uma casinha protegida do sol forte, do vento e da chuva; de tempo para si mesmo e de tranqüilidade;
8. Não adote só porque é de graça: é uma vida e não um brinquedo!
9. Não adote por entusiasmo;
10. Pense no seu espaço e tempo disponíveis para dedicar ao animal, entre brincadeiras, educação, e idas ao veterinário;
11. Lembre-se de que à noite o filhote vai chorar, porque acabou de ser separado da mãe e dos irmãos (imagine como você se sentiria se isso acontecesse a você quando tinha 2 anos de idade) e verifique se todas as pessoas da sua família estão conscientes disso;
12. Tem que ter disponibilidade financeira para levar o seu amiguinho ao médico veterinário sempre que necessário, lembrando-se de vaciná-lo todos os anos, até o fim da vida dele, com uma vacina polivalente (V8) e uma contra raiva;
13. Se, por qualquer motivo, for necessário se desfazer do seu animal, procure um novo dono com cuidado e entre as pessoas que saibam e assumam a posse responsável;
14. Nunca o abandone (abandono de animais é crime, além de ser desumano);
15. Nunca deixe o seu animal solto nas ruas, nem quando estiver sob sua vigilância;
16. Quando levá-lo a passear recolher sempre suas fezes em saco plástico apropriado;
17. Mantê-lo sempre com coleira e guia quando sair às ruas;
18. Não permita que morda ninguém sociabilizando o animal desde filhote;
19. Promova sempre o bem-estar do animal em todas as ocasiões;
20. Quando for viajar leve-o junto ou convoque alguém para que cuide dele e de sua alimentação;
21. Mantenha o local onde ele fica e sua casinha sempre limpos;
22. Mantenha sempre água fresca sempre à disposição dele;
23. Evite as crias indesejadas esterelizando o seu animal, macho ou fêmea (não, o temperamento do seu animal não vai mudar!);
24. Eduque as crianças para respeitar o animal, não batendo, chutando, torcendo, puxando ou ainda jogando-o de escadas e de janelas;